sábado, 18 de julho de 2009

A mula

Ela era faceira e divertida. Gostava de contar piadas e boas histórias. Adorava histórias de fadas, de duendes... Outro dia ela me contou a história de uma cabra que queria ser astronauta. O problema eram os chifres da cabra, pois eles não cabiam dentro do capacete. Chegaram a sugerir à cabra que ela cortasse os chifres. Ora, como era de se esperar, a cabra não aceitou. Sem os chifres, ela não seria mais cabra. Perderia sua identidade. Ela preferiu voltar para o seu cercado na roça a cortar os chifres. Foi assim que ela ganhou, no entanto, o apelido de mula.

Nunca é muito pouco!

Nunca ouvi falar que houve alguém que existiu neste mundo e foi feliz. Nunca ouvi falar que alguém tenha entendido o que veio fazer aqui. Nunca ouvi falar que alguém tenha ido dormir sem nenhum sentimento de culpa. Nunca ouvi ninguém dizer a verdade. Nunca vi ninguém mentir sobre a feiúra da morte. Nunca vi nada real e nem nada imaginário. Nunca vi o que é o mundo... nunca.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Será?

Será que alguém teria a coragem de pôr a mão no fogo pelo Artur Virgílio? Pelo outros senadores do PSDB no Senado?
Por outro lado, será que apenas o Sarney andou aprontando nesses últimos anos no Senado?
Por que a demonização só agora?

Senado: crise ou oportunidade?

Não consigo me convencer de que é sério o movimento de moralização das relações dentro do Senado federal. Parece que a coisa é muito mais ressentimento de oposição do que um movimento sério para resolver os problemas do Legislativo brasileiro.
Demonizar o Sarney e com ele o governo Lula é tudo que o derrotado PSDB e DEM precisavam ou precisam para não desaparecer. Apesar de tudo, o governo Lula vai bem. O próprio Lula, que vem falando demais ultimamente, tem acertado em muitas de suas falas, para o desespero dos próceres do PSDB e DEM. Por exemplo, Lula disse que a crise econômica seria, por aqui, apenas uma marola. Ora, de certa forma, Lula não errou tanto assim. O PSDB fez essa fala de Lula aparecer em propaganda eleitoral do PSDB, como fala irônica e debochada do presidente.
Ora, a crise defato não está passando de ondas fracas por aqui.
O sucesso de Lula faz mal ao PSDB e ele dá o troco no Senado. Não para moralizar o Senado, mas para atrapalhar o governo Lula. Não dá para crer que haja um genuíno movimento em prol da ética na política, por parte desse pessoal da oposição no Senado.

Memória do que foi esquecido

E ele olhou para si mesmo e disse: sou a memória daquilo que foi esquecido. E continuou: não sei de mim. Não sei nada de mim. Porém, a flor que nasceu perigosamente na beirada do muro soluçou mais que falou, não sem um certo desdém: Como se alguém pudesse saber algo de si...Esse muro mesmo, nada sabe dele mesmo. Nada sabe de mim. Nada sabe do musgo que, desesperadamente, se agarra a ele com vigor, como se tudo aqui fosse eterno. Jamais vi um musgo tentar dizer algo... Uma formiga que passava por ali emendou, rápida como sempre: Pois eu já vi e muito. São resmungões e nunca deixam de reclamar, ora do calor, ora do frio. Eles nunca estão satisfeitos com o clima. A flor riu e disse: E quem está contente, dona formiga. Quem está contente com o frio ou com o calor? O certo é que ninguém diz coisa com coisa. Ninguém sabe o que diz.... Inclusive você, não dona flor? Disse alguém. Todos se viraram para a voz. Foi então que perceberam que quem havia falado era uma pedra toda irregular, meio enterrada no chão.
Eu não sei se há algum propósito na fala das coisas. Tudo que é dito é também objeto de discussão. Tudo parece sempre tão ambíguo. Não sei se há alguma palavra unívoca, que queira dizer uma só coisa e coincida com alguma coisa, sem contingências. Não sei mesmo. Aliás, eu não sei nada. Mas também não deixo de falar. Pois é. As palavras não se aquietam. Elas sofrem de uma inquietude essencial. Mesmo quando se calam elas ficam flutuando, prontas para explodirem no ar, tentando significar algo. Mas isso é muito estranho, pois a palavra existe apenas com o propósito de significar, não? Não sei mais. Sempre pensei assim como você. Mas sempre que falo fico com a impressão de ter fracassado na comunicação. Nunca consigo dizer o que quero. Também não consigo deixar de falar. Mas está aqui alguém que não apenas fala. Sim, por não conseguir falar o que quero, eu escrevo. Vivo a escrever, mas também não consigo parar, isto é, não consigo dizer o que quero.

Ele - Memória - Esquecimento

Ele se lembrou de um texto antigo, já amarelado e puído, que escrevera há muito tempo. Era um texto sobre a solidariedade entre as pessoas humanas. Procurou pelo texto entre os seus guardados, papéis velhos e cheirando a mofo. Encontrou várias peças escritas, pedaços de textos, de frases agora sem sentido, cartas e anotações. Alguns textos eram de comentários sobre fatos históricos ou sobre pequenezas do cotidiano. Outros sobre encontros esquecidos ou sobre fatos deixados na sombra das horas. Ainda outros secretos, que não eram conhecidos e nem foram ainda revelados, muitos até que não aconteceram e que, talvez, um dia venham a acontecer. Estes são misteriosos e possuem uma escrita esquisita. Ela não contém palavras, mas apenas o murmúro que antecede a palavra. É o traço de uma palavra que ainda não foi dita. E há palavras que embora ditas não falaram nada. Ou, como toda palavra, cavou um sulco na brilhante página que chamamos de realidade e que é arisca em nos dizer coisas.
Ele olhou todos os textos. O que falava sobre solidariedade estava lá. E ele ficou pensando o que queria dizer com essa palavra.

Espera

Tenho esperado pelo vida afora. Não que esteja uma atitude passiva, como quem cruza os braços e nada faz... Não! Espero o resultado do que investi ou do que tenho investido a cada psso.
Porém, o que tem ocorrido? Não há resultados....

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Basta!

Basta de violência!
Basta de Senado!
Basta de ...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Que polícia é esta?

Agora foi em Mariana. Soldados da Guarda Municipal prenderam e espancaram um artesão da cidade, de acordo com reportagem veiculada na Globo. Mais uma vez, a polícia “ prende e espanca” e a coisa vai ficando por isso mesmo. A agressão, no caso de Mariana e tão claro que os responsáveis deveriam ser defenestrados sumariamente da corporação e eles sim, presos. Quem precisa de proteção é o cidadão e não bandidos disfarçados.

domingo, 5 de julho de 2009

Honduras

A situação em Honduras continua tensa. Por que será que o governo de fato do país tem tanto receio do presidente eleito legalmente?

A direita tem sempre seus simpatizantes cegos e sem argumentos. Aliás, o argumento da direita é sempre a força. A força no lugar do direito!

sábado, 4 de julho de 2009

Venda de dados

Uma empresa de São Paulo está vendendo dados sigilosos de pessoas, de acordo com uma investigação de uma promotoria. O dono do sítio declarou, singelamente, que não sabia que vender dados era crime! Meu Deus, acho que esse cara merecia palmas!
O sítio continua no ar. Ora, o sítio já deveria ter sido defenestrado e o dono preso. Será que mais uma vez vai ficar tudo por isso mesmo?

É

E quando não há dúvidas? Isso quer dizer que nada foi fundamentado. A dúvida revela a profundidade da indagação. Mas o que é isso? Isso é um céu sem estrelas, numa noite escura. O deserto é como uma criança nova. É uma surpresa constante. A cada passo, uma nova tonalidade. Mas o deserto é também solidão. A mesma solidão da criança. Esta nasce sozinha. Sozinha enfrenta as aflições do sem sentido das coisas. Depois vem a adolescência e a juventude e, por fim, a velhice. E o céu continua cheio de estrelas, encobertas por nuvens negras e furiosas.
No deserto, porém, o céu é cheio de estrelas. Pode-se quase pegá-las... de tão claras e transparentes. São os oásis da vida.
Mas ao sul do trópico, o céu permanece escuro. Nem a lua consegue iluminá-lo. E eu fico aqui. Na minha janela, olhando a escuridão.