terça-feira, 17 de maio de 2011

Mais ainda!

Com o passar do tempo fica mais claro que os EUA cometeram diversos crimes por ocasião do ataque realizado no Paquistão contra Bin Laden. Os EUA não têm o direito de invadir qualquer país com que intento for, para realizar qualquer tipo de ação. Isso é violação de soberania. Ao violar esse princípio, os EUA abriram um perigoso precedente: se amanhã alguma força invadir o território americana e ali realizar um assassinato, essa força estaria agindo sob a cobertura das mesmas razões que as dos EUA no Paquistão.
Os EUA também assassinaram um homem desarmado. Um homem suspeito de atos criminosos. Mas suspeito. O respeito por essa simples condição, a de suspeito e não prontamente de criminoso, faz a diferença entre regimes terroristas e regimes democráticos. Não existe, até hoje, uma prova cabal e indubitável da participação de Bin Laden no episódio das torres gêmeas. Essa pressa em condenar e a ação de justiceiros ficam muito bem em forças terroristas, mas destoam em nações que se dizem democráticas. E justiça com as próprias mãos, é barbárie. Assim, Os EUA mais uma vez decepcionam e dão margem a que o sentimento anti-americano fique mais forte no mundo. As autoridades norte-americanas também não titubeiam em mentir de forma descabelada sempre que precisam justificar seus crimes. Bush mentiu sobre o Iraque e fez a guerra, que matou milhões de pessoas, crianças, velhos, moços, mulheres... e destruiu uma grande parte do país. O pior, no entanto, foi a disseminação do ódio racial, da ação intempestiva contra o diferente, a naturalização da tortura, o comércio de informações em troca de favores e dinheiro. Todos esses crimes são varridos para debaixo do tapete, porque os EUA têm a maior força militar do planeta. Ora, quando a força se sobrepõe ao direito, digam o que quiserem, sejam realistas ou visionários, não tem outra maneira de qualificar a situação: temos então a barbárie, o estado de exceção, o regime discricionário, o totalitarismo.... O futuro do mundo está em constante gestação e o nosso tempo parece grávido de monstros...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Elogio do Assassinato.

Os líderes norte-americanos perderam de vez o pouco de pudor que ainda tinham. Logo depois da Segunda Guerra Mundial, os líderes aliados queriam fuzilar sumariamente o alto comando do exército alemão, considerado composto por criminosos de guerra. Entretanto, os EUA fizeram um grande esforço para levar esses criminosos a julgamento. O ritual do julgamento era uma exigência de princípio dos valores democráticos básicos. Não se pode pretender defender a democracia desrespeitando esses princípios. Porém, agora, Os EUA fazem questão de se mostrarem ao mundo como os atores que promoveram o assassinato de uma pessoa, possivelmente, merecedor de todo tipo de censura. Porém, a apologia do assassinato feito pelos EUA jogam os princípios da democracia por terra e abre um precedente extremamente perigoso: a partir de agora, soldados dos EUA poderão invadir uma casa qualquer e metralhar todos que estiverem ali, com base em um suposto direito de defesa, de vingança ou de reparar uma ofensa. É claro que a procura e possível prisão de Bin Laden era uma ação legítima. É claro que ninguém, em sã consciência, poderia condenar uma ação que visasse prender ou tirar de circulação uma pessoa com um passado tão tenebroso como o de Bin Laden. Entretanto, o modo como os EUA agiram só faz com eles sejam equiparados aos piores terroristas. Assistir a um assassinato é coisa ou de psicopata ou de sádico. Psicopatas e sádicos eram abundantes nas SS e nas organizações nazistas em geral. A morte de Bin Laden, na circunstância em que ocorreu, mostra que psicopatas e sádicos nunca foram privilégio do Nazismo.