terça-feira, 29 de março de 2011

Um grande homem... Um grande exemplo!

José Alencar, ex-vice presidente da República, morreu, na tarde de 29 de março de 2011. O mundo fica um pouco menor. A alegria do sorriso de Alencar também apaga-se e torna-se memória, lembrança. Lá se foi o mineiro que com serenidade participou de um momento muito delicado da história do Brasil. Um momento em que uma raivosa direita extremada queria golpear as instituições porque não conseguia tolerar a figura de Lula. Não apenas a figura de Lula, mas a figura de um Lula vitorioso e de sucesso. Alencar navegou nessas águas traiçoeiras com maestria e serenidade. A direita raivosa não gosta de se mostrar. Ela sempre se esconde em certas revistas que se dizem isentas mas que fazem o jogo sujo da traição.
Todos achavam Alencar um homem de direita. E de fato ele o era, mas de uma direita honesta, que mostrava a cara, defendia seus pontos de vista e era capaz de dialogar e até de fazer alianças que pudessem beneficiar o país.
Além, disso, Alencar foi um herói em sua luta contra a doença. Herói porque tinha sempre um sorriso para dissipar a sombra do terror da morte. Parece que ele desdenhava da morte. E ele saiu vitorioso. Hoje, ele se tornou imortal! Fique com Deus!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Silêncios!

Esse final de março está sendo particularmente amargo. O terremoto no Japão seguido do tsunami deixou o mundo com um nó na garganta. O que dizer diante da tragédia crua? Não estando lá, como testemunha ocular, o que dizer de tudo aquilo? É incompreensível! Após o ruído ensurdecedor do terremoto e da fúria do mar, apenas o silêncio, pois nada mais há a dizer!
Quando vi a notícia da morte do urso Knut, fiquei imaginando o seu cercado no zoológico de Berlin, o suave ruido da água, o sussurrar do vento nas folhas...De repente, a ausência daquele animal tão inocente encheu aquele recinto de um ensurdecedor silêncio. A ausência de Knut é como uma sombra. O recinto agora está irremediavelmente vazio. E esse vazio jamais será preenchido.
Agora nova ausência, novo silêncio. O mundo está menor e mais triste. Morreu Elizabeth Taylor. O mundo ficou para sempre desfigurado. Ficou silencioso.
Tenho a sensação de que a cada dia uma figura importante do mundo de cada um desaparece, enchendo a realidade de silêncio e de sombras!
Mas se a caixinha de lembranças está quase cheia, há uma outra caixa, misteriosa, surpreendente, que nos prega peças a todo instante: é a caixa do novo, da natalidade. Ela está sempre grávida de novidades!

terça-feira, 22 de março de 2011

Por que só a Líbia?

Os ataques que estão sendo feitos na Líbia significam aquilo de mais abjeto há na política internacional nesse tempo presente. A lógica ali é a mesma que presidiu os ataques ao Iraque. E os mesmos atores aparecem em cena para dizer as mesmas palavras, as mesmas invencionices de sempre, a mesma arrogância e o mesmo ar de sincero investimento no bom andamento dos negócios do mundo. Vejam: se de fato USA, França, Reino Unido, Itália e Canadá estivessem preocupados com os civis líbios, eles não proporiam gastar a fortuna que estão gastando com armas para uma aventura como esta, de resultados incertos e improváveis. E mais: existem civis em perigo no Sudão, e em muitas partes da África; há civis em perigo no Oriente médio (Palestina, Jordânia, Arábia Saudita, Bahrein, dentre outros). Por que essa fixação na Líbia, como se apenas lá os civis estivessem em perigo? E os protestos populares têm sido violentamente reprimidos. Kadhafi está em ótima companhia, com  Mubarak e outras figuras de destaque da região. Por que só a Líbia?

Quanto vale um líbio?

Quanto vale um líbio andando numa rua de Londres? Ou numa rua de Nova Iorque? Ou em Paris ou Roma? No entanto, vejam que maravilha! De repente, os civis líbios passaram a valer uma fortuna no mercado internacional. Para proteger essas valiosas criaturas, juntaram-se França, USA, Reino Unido, Itália e, pasmem, o Canadá. Todos esses países estão explodindo milhões de dólares em solo e ar líbios e tudo - dizem eles com a boca cheia - para proteger os civis líbios do ditador Kadhafi. Engraçado que os civis do Iêmen parecem não valer sequer uma bomba da coalizão que quer derrubar Kadhafi. É isso mesmo. Agora a mercadoria "civis" são cotados a bombas. Quantas bombas foram jogadas contra Tripolí? Isso dá a dimensão do valor dos civis líbios. Se a coalizão não gastou nenhuma bomba ainda no Iêmen é porque lá os civis não valem tanto!
A verdade é que a hipocrisia já ultrapassou qualquer concepção de grotesco. Seria mais fácil e simples se essa guerra fosse feita como guerra de conquista. A Líbia tem petróleo farto. Ora, até quando esse fascistóide do Kadhafi vai ficar ali atrapalhando as negociações dos grandes desse mundo em torno do petróleo? Será que o Kadhafi não vê que o Irã será um osso muito mais duro de roer e que o Ocidente terá de esperar por uma oportunidade no futuro, quando os aiatolás baixarem a guarda?
Bem, o negócio é aproveitar o vento e varrer Kadhafi da Líbia e em seguida tomar banho de petróleo nos poços líbios. Os líbios? Ora os líbios! Eles que esperem por Alháh.
Eu já vi embrólios bem elaborados. Mas esse da Líbia, façam-me o favor! A França não vê a hora de tomar posse dos seus poços que perderam na guerra da Argélia. Afinal, a Líbia fica só um pouco mais para lá. Mas o petróleo é o mesmo!