quarta-feira, 13 de abril de 2011

Uma árvore.

Um galho seco estalou na tarde quente. O ar estava parado. Tudo tinha um certo ar de cansaço. O sol pintava as coisas com uma tinha hesitante naquele dia quente. Um vapor de brumas subia do chão inclemente. Pedras sem misericórdia pendiam das encostas. Uma mulher descia a colina, devagar e pensativa. Mas naquela hora nada havia para ser pensado. Só havia sentidos e calor. Pavor.
La na distância infinda do horizonte, um relâmpago incendeia o céu. A tarde não tardará a se transformar em noite. Tudo ficará coberto pela sombra rotunda da escuridão. Relâmpagos... De repente, a chuva desaba. Um vento frio envolve as coisas e a alma do vivente se sente aliviada e ao mesmo tempo atemorizada pela fúria da tempestade. Nesse momento mágico do auge da tormenta, tudo fica em suspenso. Todas  as coisas tornam-se provisórias. A vida fica por um fio. Mas, aos poucos, a confiança vai voltando. A chuva vai ficando mais mansa. A fúria é acalmada. A árvore tombada testemunha a tormenta e todos testemunham a árvore caída, como um homem abatido ou um animal ferido de morte. Ela vai ficar ali. Em seus galhos, não haverá mais euforia de passaredos. Tudo ficou em silêncio. A árvore não é mais.

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