E agora essa! A água que tomamos todos os dias e com a qual fazemos comida está cheia de resíduos de remédios, colesterol, café, entre outros ingredientes. Há! A nossa água tem também fósforo. E vejam bem! Qua a água tem esses resíduos jé é coisa sabia, mas não existem estudos que apontem em que quantidade essas substâncias interferem na saúde humana. Tudo bem! Sabe-se que houve um aumento de sapos hermafroditas em algumas represas de São Paulo, conforme reportagem na imprensa (Globo Matéria de Marília Juste), e isso pode ser efeito da presença de hormônios na água.
Você toma um remédio para dor de cabeça. Bem, parte do remédio é excretado na urina, a qual vai para o esgoto, passa pelo tratamento e volta para a sua torneira, com resíduos do remédio tomado. É assim que a coisa funciona.
Ora, existe tecnologia para retirar essas impurezas da água. Mas os investimentos em saneamento básico no Brasil são vexatórios. Os políticos gostam é de fazer CPI da Petrobrás para aparecerem na televisão! A água que se dane!
O tratamento da água no Brasil não retira dela o fósforo, que é uma substância tóxica. A impureza não é retirada, embora haja tecnologia para isso!
Ora gente! Chega. Basta de tanta enganação! Basta de tanto engodo!
Quem quiser ser político precisa ser sério ou então deve ser defenestrado do cargo público. Chega de impostor no palco da República!
quarta-feira, 27 de maio de 2009
terça-feira, 26 de maio de 2009
Manchete de hoje (26/05/2009) “O jornal americano The New York Times admitiu que errou durante a cobertura dos conflitos no Iraque. A notícia surpreendeu jornalistas do mundo inteiro”.
Não sei a razão da surpresa! A cobertura da imprensa em geral sobre a guerra no Iraque foi algo vergonhoso desde o início. Todos estavam anestesiados pelo 11 de setembro. Qualquer coisa que lembrasse a palavra “terrorismo” era tido como demoníaco. Bem, deu no que deu! Quantas pessoas morreram no Iraque por causa da insanidade de Bush e seguidores? Quanto riscos nós todos corremos por conta da insanidade da presidência dos Estados Unidos?
Lembrem-se do Iraque, quando forem falar da Coréia do Norte!
Não sei a razão da surpresa! A cobertura da imprensa em geral sobre a guerra no Iraque foi algo vergonhoso desde o início. Todos estavam anestesiados pelo 11 de setembro. Qualquer coisa que lembrasse a palavra “terrorismo” era tido como demoníaco. Bem, deu no que deu! Quantas pessoas morreram no Iraque por causa da insanidade de Bush e seguidores? Quanto riscos nós todos corremos por conta da insanidade da presidência dos Estados Unidos?
Lembrem-se do Iraque, quando forem falar da Coréia do Norte!
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Quando a noite cai e as sombras, misericordiosamente, cobrem a nudez das coisas, o mundo se transforma e o que era não é mais e o que não é ainda, vem a ser. Há algo extremamente misterioso na economia da luz. Quando ela brilha, o mundo parece-nos seguro, belo, maravilhoso, alto, transcendente, sublime. A mesma paisagem, quando as sombras cobrem a terra, torna-se perigosa, soturna, cheia de segredos e sortilégios. A noite tem olhos grandes, de longo alcance, a despeito da penetrabilidade da luz. Quando esta ilumina o mundo, o conforto daí advindo sugere o descanso, o repouso. É quando o predador vai dormir. A noite desperta o instinto e convida para a caça.
A noite não revela facilmente. Ela esconde as coisas, só as revelando àquele que presta atenção, que procura, que zela por encontrar. A noite esconde a violência da caça e também a volúpia do festim. O dia revela prontamente os restos do banquete noturno, as marcas da violência e a solidão que sempre resta de tudo que não é mais.
Normalmente, quando o dia desperta, são os urubus que chegam para o trabalho de cata dos restos. Quando tudo fica limpo, os urubus voltam para a imensidão azul e, em círculos escuros, parecem convidar as sombras para a execução de mais um ciclo, de mais um não mais e um não ainda.
Naquele dia, o sol queimava, sem piedade aparente, o chão seco e poeirento da estrada. Milhares de insetos cantavam, zuniam, por entre a vegetação cinza dos pastos. Arbustos encardidos e retorcidos se espalhavam pela paisagem, como se fossem marcas divisórias de uma improvável propriedade. Ao longe, alguns bois tentavam arrancar do chão os restos do capim calcinado pelo sol. De vez em quando, ouvia-se pela imensidão do ar o grito sombrio do gavião, anunciando a sua perigosa presença pelas redondezas.
Ele avançava qual um fantasma pela estrada. A secura do ar tornava sua respiração custosa. Seus lábios estavam pesados e pastosos. Só ele dava sinais de cansaço; a estrada parecia animada por um desejo de infinitude; não queria acabar jamais. Ele suava, mas o suor logo evaporava, como se a Natureza estivesse avara de qualquer tipo de umidade. Seus pés doíam no cascalho duro do chão. Aproximou-se de uma curva mais fechada. Talvez, logo depois da curva, houvesse uma casa ou um galpão ou mesmo apenas uma árvore frondosa, que propiciasse alívio, com sua sombra, para o calor exasperante do sol. Apressou o passo, apesar do sacrifício que isso lhe custava. No entanto, a curva apenas revelou uma longa reta que parecia ir a lugar nenhum. Ele, então, parou, desanimado. Olhou para trás. Voltou a olhar para a reta. Bem lá na frente, divisou algo se movimentando na estrada. Era um ponto que se mexia e vinha na sua direção. Percebeu logo que não se tratava de uma pessoa. Também não se tratava de um boi. Era uma animal pequeno, talvez uma raposa ou um cão. Lembrou-se que naquela época de calor escaldante era comum o viajante se encontrar com cães perdidos pelas estradas. Ele resolveu sentar-se em uma pedra à beira da estrada e ficar à espera do misterioso peregrino. No céu, alguns urubus voavam em longos e altos círculos. Mexeu em seus pertences e encontrou um pedaço de pão. Partiu-o ao meio e começou a mastigar o seu pedaço. O outro, ele reservou para o seu suposto companheiro de sina. Olhou para a estrada e a mancha escura ainda se aproximava, lentamente. De vez em quando ela parava. Depois, com resignação, continuava sua marcha inexorável.
Ele ficou observando o chão calcinado ao seu redor. Chamou-lhe a atenção uma fileira de formigas, que indiferentes ao calor sufocante, executavam a sua faina diária de coleta de folhas. Os pedaços de folhas que carregavam era de um verde vivo e ele ficou considerando o trabalho imenso que aquelas formigas tiveram para encontrar aquelas preciosidades em meio àquela secura geral. A fileira de formigas perdia-se no emaranhado de raízes e folhas secas do chão. Elas iam e vinham. Às vezes paravam e trocavam contatos com suas antenas, como se umas beijassem as outras. Em seguida, como se tivessem encontrado informações preciosas, seguiam seu caminho, com incomum determinação. Para aqueles pequenos seres, o calor do sol pouco importava. Ele desejou, naquela hora, ser uma formiga. Então, ele levantou a cabeça e levou um susto: um cão enorme, preto, peludo, olhava fixamente para ele, com a língua pendendo da boca cansada e seca. Ele ficou sem ação. Aos poucos, porém, recobrou a calma. Ofereceu o pedaço de pão ao cão. Este, faminto, comeu o pão com a rapidez da gula. Depois a noite cobriu a estrada, o cão e ele mesmo.
A noite não revela facilmente. Ela esconde as coisas, só as revelando àquele que presta atenção, que procura, que zela por encontrar. A noite esconde a violência da caça e também a volúpia do festim. O dia revela prontamente os restos do banquete noturno, as marcas da violência e a solidão que sempre resta de tudo que não é mais.
Normalmente, quando o dia desperta, são os urubus que chegam para o trabalho de cata dos restos. Quando tudo fica limpo, os urubus voltam para a imensidão azul e, em círculos escuros, parecem convidar as sombras para a execução de mais um ciclo, de mais um não mais e um não ainda.
Naquele dia, o sol queimava, sem piedade aparente, o chão seco e poeirento da estrada. Milhares de insetos cantavam, zuniam, por entre a vegetação cinza dos pastos. Arbustos encardidos e retorcidos se espalhavam pela paisagem, como se fossem marcas divisórias de uma improvável propriedade. Ao longe, alguns bois tentavam arrancar do chão os restos do capim calcinado pelo sol. De vez em quando, ouvia-se pela imensidão do ar o grito sombrio do gavião, anunciando a sua perigosa presença pelas redondezas.
Ele avançava qual um fantasma pela estrada. A secura do ar tornava sua respiração custosa. Seus lábios estavam pesados e pastosos. Só ele dava sinais de cansaço; a estrada parecia animada por um desejo de infinitude; não queria acabar jamais. Ele suava, mas o suor logo evaporava, como se a Natureza estivesse avara de qualquer tipo de umidade. Seus pés doíam no cascalho duro do chão. Aproximou-se de uma curva mais fechada. Talvez, logo depois da curva, houvesse uma casa ou um galpão ou mesmo apenas uma árvore frondosa, que propiciasse alívio, com sua sombra, para o calor exasperante do sol. Apressou o passo, apesar do sacrifício que isso lhe custava. No entanto, a curva apenas revelou uma longa reta que parecia ir a lugar nenhum. Ele, então, parou, desanimado. Olhou para trás. Voltou a olhar para a reta. Bem lá na frente, divisou algo se movimentando na estrada. Era um ponto que se mexia e vinha na sua direção. Percebeu logo que não se tratava de uma pessoa. Também não se tratava de um boi. Era uma animal pequeno, talvez uma raposa ou um cão. Lembrou-se que naquela época de calor escaldante era comum o viajante se encontrar com cães perdidos pelas estradas. Ele resolveu sentar-se em uma pedra à beira da estrada e ficar à espera do misterioso peregrino. No céu, alguns urubus voavam em longos e altos círculos. Mexeu em seus pertences e encontrou um pedaço de pão. Partiu-o ao meio e começou a mastigar o seu pedaço. O outro, ele reservou para o seu suposto companheiro de sina. Olhou para a estrada e a mancha escura ainda se aproximava, lentamente. De vez em quando ela parava. Depois, com resignação, continuava sua marcha inexorável.
Ele ficou observando o chão calcinado ao seu redor. Chamou-lhe a atenção uma fileira de formigas, que indiferentes ao calor sufocante, executavam a sua faina diária de coleta de folhas. Os pedaços de folhas que carregavam era de um verde vivo e ele ficou considerando o trabalho imenso que aquelas formigas tiveram para encontrar aquelas preciosidades em meio àquela secura geral. A fileira de formigas perdia-se no emaranhado de raízes e folhas secas do chão. Elas iam e vinham. Às vezes paravam e trocavam contatos com suas antenas, como se umas beijassem as outras. Em seguida, como se tivessem encontrado informações preciosas, seguiam seu caminho, com incomum determinação. Para aqueles pequenos seres, o calor do sol pouco importava. Ele desejou, naquela hora, ser uma formiga. Então, ele levantou a cabeça e levou um susto: um cão enorme, preto, peludo, olhava fixamente para ele, com a língua pendendo da boca cansada e seca. Ele ficou sem ação. Aos poucos, porém, recobrou a calma. Ofereceu o pedaço de pão ao cão. Este, faminto, comeu o pão com a rapidez da gula. Depois a noite cobriu a estrada, o cão e ele mesmo.
sábado, 16 de maio de 2009
O Senado Federal criou a CPI da Petrobrás e veja que interessante. O líder Arthur Virgílio, do PSDB, disse angelicamente que não haverá pirotecnia na CPI, mas apenas rigor, como se isso não fosse obrigação patriótica de qualquer servidor do país. Mas não. Ele está fazendo um favor a Lula moderando os ânimos antropofágicos do PSDB. Isso dá a verdadeira dimensão da política da oposição: lutar contra o governo. Não querem fiscalizar, não estão interessados nisso. Querem tumultuar o governo. Agora, com alguma vergonha na cara apresentam-se como "responsáveis".
Basta de manipulações!
Basta de manipulações!
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Um vira-lata numa tarde triste
Naquela tarde, eu estava triste e andava sem rumo pela praça. Tudo parecia triste para mim. As vitrines estavam sem brilho e nenhum dos apelos da publicidade me afetavam. Havia na praça alguns bancos. Sentei-me em um deles e fiquei olhando o tumulto do fim da tarde. Algumas pessoas iam apressadas, outras andavam devagar, outras ainda pareciam tão tristes quanto eu e estavam também sentadas nos bancos. Todos estavam prestando atenção em si mesmos. Um casal passou por mim, em silêncio. Um homem falava baixinho, consigo mesmo.
Algumas luzes começavam a ser acesas. Era o início da noite. Todos iam para algum lugar. Só eu estava ali, sem rumo e sem vontade de voltar.
Então, um desses cães vadios, da rua, veio se aproximando do banco em que eu estava. Não estava apressado. Andava apenas. Logo que me viu, parece que tomou a decisão de vir ao meu encontro. Ele mudou de direção. Não abanou o rabo e nem se mostrou feliz em se aproximar de mim. Veio se aproximando devagar, como que pedindo licença. Quando estava bem perto, olhou-me sem censura e sem compaixão. Olhou ao redor, voltou a olhar para mim e em seguida deitou-se perto dos meus pés. Pousou a cabeça entre as patas dianteiras e ficou ali, olhando para mim. Eu pensei: Não tenho nada para lhe dar. Ele permanecia, ali, olhando para mim. Mudei a posição dos pés. Ele levantou a cabeça e se preparou para sair dali. Porém, como só mudei a posição dos pés, ele se ajeitou melhor e continuou deitado me olhando. De vez em quando, ele levantava a cabeça e olhava alguma coisa ao longe. Sempre que fazia isso, levantava as orelhas, procurando escutar melhor. Depois me olhava e se deitava.
Fiquei reparando aquela figura na minha frente. Tratava-se de um vira-latas, com certeza, embora não entenda nada de cães. Não era de todo magro, embora seu porte indicasse uma vida difícil. Não era um belo exemplar da espécie, mas não era feio. Tinha o pêlo sujo mas não despertava nojo. Olhando aquele cão, fiquei imaginado as dificuldades que ele deveria encontrar para sobreviver. Era da rua e, portanto, não tinha dono. Era um cão livre, mas isso tinha um preço. Não tinha almoço ou jantar certos, nem banhos, nem escovação de pêlos, vacinas, ou seja, tudo que parece fazer um cãozinho com dono feliz.
Ele parecia entender o que eu estava pensando. De repente, ele se levantou, espreguiçou-se, abriu a boca, chegou mais perto de mim e cheirou meu sapato, depois a bainha de minha calça. Resolveu deitar-se bem perto de mim.
Notei que agora fechara os olhos e parecia dormir. Fiquei ali velando seu sono e me sentindo responsável por sua tranqüilidade. Voltei a olhar para a praça e agora tudo parecia mais calmo. Poucas pessoas andavam por ali. As luzes estavam mais brilhantes. Era noite completa.
Os ruídos, à noite, são diferentes dos ruídos do dia. A noite amplifica qualquer barulho. E foi assim que fiquei vigiando os ruídos da praça, para que nada incomodasse o sono daquele cão que eu não conhecia e que dormia aos meus pés. Ele parecia dormir placidamente. Fiquei imaginado que sonhos ele teria... Um homem se aproximou de mim e me perguntou as horas. Respondi e ele me perguntou se aquele cãozinho era meu. Disse que não. O homem olhou para o cão e depois para mim. Ia dizer mais alguma coisa, mas desistiu e foi embora.
Voltei a olhar para aquele cãozinho deitado aos meus pés. Ele viera, não sei de onde, me fazer companhia. Ele me acolheu e me aceitou, com minha tristeza. Não disse nada, nada pediu. Apenas me aceitou. Fiquei um longo tempo olhando para ele.
Mais tarde, ele se levantou. Olhou-me também longamente. Depois se foi, devagar, mas sem olhar para trás. Fiquei novamente sozinho e triste.
Nunca mais voltei a ver esse cão, embora tenha voltado muitas vezes à praça. Naquela noite, pensei em levá-lo comigo, dar-lhe abrigo e comida. Porém, sua determinação, na hora de partir, deixou-me desconcertado. Ele nada queria de mim. Ele não veio a mim para negociar afeto ou carinho ou comida. Ele apenas me fez companhia, numa hora triste.
Sentado naquele banco, posso sentir sua respiração e ver aquele olhar terno, que nada pede. Apenas olha.
A praça agora não é mais triste, pois nela há um banco onde um certo cãozinho me ensinou que a amizade não é comércio de coisas ou de afeto. A amizade é apenas um encontro, sem nada pedir, é apenas um certo jeito de olhar.
Geraldo Carozzi - jornalista
Naquela tarde, eu estava triste e andava sem rumo pela praça. Tudo parecia triste para mim. As vitrines estavam sem brilho e nenhum dos apelos da publicidade me afetavam. Havia na praça alguns bancos. Sentei-me em um deles e fiquei olhando o tumulto do fim da tarde. Algumas pessoas iam apressadas, outras andavam devagar, outras ainda pareciam tão tristes quanto eu e estavam também sentadas nos bancos. Todos estavam prestando atenção em si mesmos. Um casal passou por mim, em silêncio. Um homem falava baixinho, consigo mesmo.
Algumas luzes começavam a ser acesas. Era o início da noite. Todos iam para algum lugar. Só eu estava ali, sem rumo e sem vontade de voltar.
Então, um desses cães vadios, da rua, veio se aproximando do banco em que eu estava. Não estava apressado. Andava apenas. Logo que me viu, parece que tomou a decisão de vir ao meu encontro. Ele mudou de direção. Não abanou o rabo e nem se mostrou feliz em se aproximar de mim. Veio se aproximando devagar, como que pedindo licença. Quando estava bem perto, olhou-me sem censura e sem compaixão. Olhou ao redor, voltou a olhar para mim e em seguida deitou-se perto dos meus pés. Pousou a cabeça entre as patas dianteiras e ficou ali, olhando para mim. Eu pensei: Não tenho nada para lhe dar. Ele permanecia, ali, olhando para mim. Mudei a posição dos pés. Ele levantou a cabeça e se preparou para sair dali. Porém, como só mudei a posição dos pés, ele se ajeitou melhor e continuou deitado me olhando. De vez em quando, ele levantava a cabeça e olhava alguma coisa ao longe. Sempre que fazia isso, levantava as orelhas, procurando escutar melhor. Depois me olhava e se deitava.
Fiquei reparando aquela figura na minha frente. Tratava-se de um vira-latas, com certeza, embora não entenda nada de cães. Não era de todo magro, embora seu porte indicasse uma vida difícil. Não era um belo exemplar da espécie, mas não era feio. Tinha o pêlo sujo mas não despertava nojo. Olhando aquele cão, fiquei imaginado as dificuldades que ele deveria encontrar para sobreviver. Era da rua e, portanto, não tinha dono. Era um cão livre, mas isso tinha um preço. Não tinha almoço ou jantar certos, nem banhos, nem escovação de pêlos, vacinas, ou seja, tudo que parece fazer um cãozinho com dono feliz.
Ele parecia entender o que eu estava pensando. De repente, ele se levantou, espreguiçou-se, abriu a boca, chegou mais perto de mim e cheirou meu sapato, depois a bainha de minha calça. Resolveu deitar-se bem perto de mim.
Notei que agora fechara os olhos e parecia dormir. Fiquei ali velando seu sono e me sentindo responsável por sua tranqüilidade. Voltei a olhar para a praça e agora tudo parecia mais calmo. Poucas pessoas andavam por ali. As luzes estavam mais brilhantes. Era noite completa.
Os ruídos, à noite, são diferentes dos ruídos do dia. A noite amplifica qualquer barulho. E foi assim que fiquei vigiando os ruídos da praça, para que nada incomodasse o sono daquele cão que eu não conhecia e que dormia aos meus pés. Ele parecia dormir placidamente. Fiquei imaginado que sonhos ele teria... Um homem se aproximou de mim e me perguntou as horas. Respondi e ele me perguntou se aquele cãozinho era meu. Disse que não. O homem olhou para o cão e depois para mim. Ia dizer mais alguma coisa, mas desistiu e foi embora.
Voltei a olhar para aquele cãozinho deitado aos meus pés. Ele viera, não sei de onde, me fazer companhia. Ele me acolheu e me aceitou, com minha tristeza. Não disse nada, nada pediu. Apenas me aceitou. Fiquei um longo tempo olhando para ele.
Mais tarde, ele se levantou. Olhou-me também longamente. Depois se foi, devagar, mas sem olhar para trás. Fiquei novamente sozinho e triste.
Nunca mais voltei a ver esse cão, embora tenha voltado muitas vezes à praça. Naquela noite, pensei em levá-lo comigo, dar-lhe abrigo e comida. Porém, sua determinação, na hora de partir, deixou-me desconcertado. Ele nada queria de mim. Ele não veio a mim para negociar afeto ou carinho ou comida. Ele apenas me fez companhia, numa hora triste.
Sentado naquele banco, posso sentir sua respiração e ver aquele olhar terno, que nada pede. Apenas olha.
A praça agora não é mais triste, pois nela há um banco onde um certo cãozinho me ensinou que a amizade não é comércio de coisas ou de afeto. A amizade é apenas um encontro, sem nada pedir, é apenas um certo jeito de olhar.
Geraldo Carozzi - jornalista
Você já parou para pensar: para que serve o Senado Federal? Ali estão os representantes dos estados do país. Para que serve isso? Na verdade, o pessoal que está lá, quando muito, representa a si mesmo. O que o Senado fez, nos últimos anos, de bom para o país? O que ele fez de importante, algo que tenha feito diferença política no país?
Ora, a única coisa que aquela gente sabe fazer é ficar atrás de servir aos próprios interesses. Chega! Basta!
A reforma política defende a extinção do Senado. Já vai tarde!
Ora, a única coisa que aquela gente sabe fazer é ficar atrás de servir aos próprios interesses. Chega! Basta!
A reforma política defende a extinção do Senado. Já vai tarde!
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