O que separa o estado de barbárie do estado civilizado não é a quantidade de maldade que pode existir num ou noutro estado. O que separa os dois estados é a submissão de todos à lei, no estado de civilização. O que marca profundamente a barbárie é o desprezo à lei. Essa é a situação para a qual não há nenhum remédio e nem nenhuma salvação.
A civilização pode cometer loucuras e muitas maldades. Porém, esses atos ou crimes são sempre de difícil consecução e exigem uma quantidade enorme de energia para serem realizados. Também precisam ser feitos na sombra, pois não recebem aprovação de ninguém. Isso garante que o criminoso, se for pego, será julgado e condenado conforme sua culpa. Mesmo que a Justiça falhe e algum culpado consiga a liberdade, esse indivíduo sempre terá sobre si o braço da lei, pronto para puni-lo. Se for o caso. È claro que isso não livra a civilização da maldade e nem do crime. A mente criminosa sempre acha uma forma de burlar a lei, mas ela faz isso sob pressão das forças da lei. A barbárie é a ausência completa da censura que procura inibir o crime. A barbárie é a conivência com a mente criminosa. Assim, não há bem maior para a civilização do que o respeito à lei.
E é com base nas considerações acima que soa de forma terrível o pedido de ex-agentes da CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos, para que o governo pare de investigar os abusos cometidos por ele (os agentes da CIA) nos episódios recentes da agência de inteligência na luta contra os terroristas. Esse assunto é árduo e é tratado por muitos de forma apaixonada e por outros com má fé. Se para lutar contra os terroristas tivermos de nos tornar também terroristas, então, já perdemos essa luta. A barbárie já está instalada. Se a luta contra o terror só é eficiente se a lei for esquecida e algumas pessoas puderem fazer o que quiserem para conseguir confissões, talvez seja melhor aderirmos aos terroristas, pois estamos fazendo o que eles fazem: suspender qualquer consideração à lei e agir de acordo com razões duvidosas ou não, mas que só seriam válidas no estado de barbárie. Quem quer viver sob a barbárie?
Os ex-agentes da CIA argumentam que os terroristas usarão as investigações do governo para se armarem contra os agentes e estes ficarão com medo de assumir riscos para ajudar o país. Comovente a argumentação. Mas vejam: cumprir e fazer cumprir a lei não é demonstração de fraqueza; e é falacioso o argumento de defesa da pátria com a violência contra pessoas de outra pátria. Baseada em que princípio uma pátria deveria ter o privilégio de possuir pessoas autorizadas a matar para defendê-las? O argumento sequer seria válido se esses ex-agentes dissessem que agiriam ao arrepio da lei para defender a humanidade. Não se pode defender a humanidade eliminando a sua essência.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Tempos Pequenos
Tem toda razão o ministro Tarso Genro ao afirmar que o voto do juiz Pelluso foi equivocado, no caso da extradição de Battisti. O voto do juiz foi ideológico e não técnico. Ele não levou em consideração as contradições do processo e deu como correto e sem nenhum desvio os argumentos contra o réu e não considerou nada a favor do réu. Ou seja, o voto foi contra o comunismo internacional, contra o que as elites chamam de baderneiros e coisas que tais. O ministro Mendes secundou Pelluso e encheu de elogios o seu voto, como era de se esperar. Mendes também deve votar pela extradição pois também tem se destacado por suas posições ideológicas e contra tudo que não seja de direita. Um bom exemplo disso é a sua indisfarçável ojiriza do MST e de tudo que lhe diga respeito. Esse pessoal também não engoliu até hoje a vitória de Lula como presidente da República. Como pode um operário, quase analfabeto, governar o país? Um país que tem tantos doutores tão estudados, mas que na hora de votar votam como um homem apequenado por posições indefensáveis em público.
Não encontro nenhuma razão para a coorte não conceder o benefício da dúvida a Battisti. A única razão é a razão ideológica.
Não encontro nenhuma razão para a coorte não conceder o benefício da dúvida a Battisti. A única razão é a razão ideológica.
Indignação
Confesso que hoje fiquei completamente surpreso com o Supremo Tribunal. Como é que isso pode acontecer? Será que os juízes que votaram a favor da extradição de Battisti têm alguma informação privilegiada ou sabem de coisas que nós não sabemos sobre o caso? Pois está mais do que claro que há enormes razões para que se suspeite que há coisas obscuras no julgamento do "subversivo" italiano. Mas basta a informação de que as evidências acusatórias contra Battisti vêm de uma pessoa que conseguiu se livrar ou minorar sua situação com a Justiça italiana através do expediente da delação premiada. Ora, para se livrar, esse indivíduo resolveu incriminar outras pessoas. Será que houve a apuração necessária do caso? Não parece, pois ninguém fala dessas informações na imprensa. O que se vê na imprensa é uma vontade enorme de ver Battisti atrás das grades, como se isso fosse resolver o problema da Justiça no mundo. Acho que, na verdade, piora o problema.
Há ou sobram, no caso, elementos políticos e ideológicos. A direita, quando resolve que um indivíduo precisa pagar alguma coisa, ela acaba conseguindo. Há milhares de casos como esses na história.
Acho que os ministros da Supremo estão se desvalorizando; estão querendo dizer que vão ficar com a jurisprudência italiana... grande coisa. Um juiz se distingue não quando se ajoelha diante dos poderes seja eles quais forem. Ele se torna grande quando luta para realizar a Justiça. Não parece que seja o que alguns dos juizes atuais do Supremo estão fazendo. Eles parecem mais preocupados em rebater autoridades do governo Lula, que eles tanto detestam... ao que parece!
Há ou sobram, no caso, elementos políticos e ideológicos. A direita, quando resolve que um indivíduo precisa pagar alguma coisa, ela acaba conseguindo. Há milhares de casos como esses na história.
Acho que os ministros da Supremo estão se desvalorizando; estão querendo dizer que vão ficar com a jurisprudência italiana... grande coisa. Um juiz se distingue não quando se ajoelha diante dos poderes seja eles quais forem. Ele se torna grande quando luta para realizar a Justiça. Não parece que seja o que alguns dos juizes atuais do Supremo estão fazendo. Eles parecem mais preocupados em rebater autoridades do governo Lula, que eles tanto detestam... ao que parece!
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