segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Volver!

Estou de volta. Não que isso signifique alguma coisa muito importante. Não. São ciscos o que se ajunta aqui. Coisas que passariam desapercebidas caso alguém não quisesse perder tempo prestando atenção em cantos esquecidos, desprezados pelas coisas importantes. Ciscos. Estes que o vento faz correr nos cantos, nas beiradas onde apenas andorinhas, de vez em quando, depositam alguma pena, em meio às penas que povoam a minha existência.
Era tarde. Na rua, barulho de motores de ônibus, carros, motos, aviões. Cães latem, parece, furiosos. O vento balança a cortina. Alguns pássaros passam pela janela, cantando. Na casa vizinha à minha, há um passarinho que canta o dia todo. Um canto cativo, de doer. A luz desmaia devagar, lambendo as fachadas dos prédios. O céu azul já começa a ficar pálido. A noite se aproxima. Meu coração vai ficando cada vez menor. Espero os sussurros da escuridão. Ela não me intimida. Sempre gostei da noite. Mas é na noite que moram os carácteres duais. Aqueles que dizem sim e fazem não. Aqueles que temem a luz. Gosto da noite porque ela traz quietude e serenidade. Na noite se pode descansar. É claro que há perigos à espreita. Há sempre olhos famintos de engodo e de malícia ali onde a sombra impera. Mas a noite tem os seus segredos benditos.
Não há luz sem sombra. Não há longe sem perto. Nem verdade sem mentira. A noite não é necessária para quem quer engendrar o mal. Este é auto-suficiente. A luz faz parte de sua obra. Não há mal sem luz.
Lá para o norte está o gelo. La para o sul está o fogo. A leste, o mar. A oeste, o verde. Vivo a soluçar!