Nesta reta final da campanha eleitoral de 2010, o grande perigo é o seguinte: o PSDB vai fazer todo tipo de provocação possível e é aí que o PT pode se complicar. Se aceitar a provocação, isso pode prejudicá-lo. Serra e acólitos não têm mais nada a perder. Só isso pode explicar o tremendo vexame de Serra no episódio da bola de papel no Rio. Nunca achei que o Serra fosse capaz de uma tal simulação. E isso mostra o quanto eles estão perdidos e sem rumo. O fiasco não tem tamanho e então passa a valer um vale tudo muito perigoso. Serra até agora não mostrou nenhum programa, nenhum conjunto concatenado de idéias. Eu esperava dele uma contundente renovação de planos para o Brasil pós Lula. O que vimos foi um conjunto muitas vezes infantil de bate lá e ataca aqui, com ataques insossos e sem nenhuma utilidade quer para o eleitor quer para a sua própria campanha. Que o PSDB estava mal, todo mundo sabia. Mas ninguém poderia supor que estivesse tão perdido. Sua aliança com o DEM, isto é, aquilo que há de mais retrógrado na política brasileira, parecia apenas uma conveniência. Agora, sabe-se que foi uma tábua de salvação, que não deu certo, por sinal.
Um ponto que não colou na campanha do Serra e que mostra falha de caráter: ele, o Serra, atacou sem piedade os desencontros da Dilma sobre a questão do aborto. Era de se esperar que ele teria um comportamento ilibado na questão. Se repente aparece a ex-aluna de sua mulher dizendo que ela (a mulher do Serra) havia feito um aborto numa situação de extrema gravidade em sua vida. Ora, o desmentido de Serra beira à pilhéria. Pelo amor de Deus. E pior, atribuir o fato a mentiras do PT, sendo que a ex-aluna que contou a todos sobre o aborto sequer é militante de política partidária. É falha de caráter isso. A posição da Dilma sobre a questão é exatamente uma tentativa de compreender situações como a que Serra e sua esposa viveram, uma situação gravíssima, de incertezas, a qual todos nós estamos sujeitos. Em situações assim as pessoas ricas, que têm acesso aos bens da civilização resolvem o problemas e sobrevivem. As pessoas pobres no mais das vezes encontram a morte ou ficam com sequelas importantes para o resta da vida. O Serra se mostrou apequenado no episódio, se mostrou com olhos apenas para o poder, para o seu projeto pessoal de ser presidente. Uma pessoa assim torna-se perigosa se assume o poder político. E Serra mostra exatamente essa característica das elites brasileiras. Desde as Capitanias Hereditárias que os Senhores não se importam nem um pouco com a sorte da população. A única coisa que interessa a eles é o seu próprio bem estar. Inclusive, isso explica o ódio dessas elites a Lula e a Dilma. Os dois representam os sem voz na sala de estar da Casa Grande. Na hora de votar pense nisso!